Festival preparou para 2012 uma programação feita de grandes filmes nas telas e degustações. Pirenópolis, Goiás, de 13 a 16 de Setembro de 2012
De 13 a 16 de setembro de 2012, na pequena cidade de Pirenópolis, em Goiás, acontece a terceira edição do SLOW FILME – FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA E ALIMENTAÇÃO vai ser uma festa de imagens e sabores, com direito a primeiras exibições de filmes no Brasil, degustações, palestras e muito mais.
O festival apresentará uma programação cinematográfica que inclui a estreia brasileira de Mugaritz B.S.O., sobre o celebrado restaurante espanhol, dos filmes da Academia Barilla, da Itália, do novo documentário do consagrado Ermano Olmi, dos premiados Focaccia Blues e A Estrada Real da Cachaça e de mais uma lista de títulos que prometem evidenciar o caráter único do SLOW FILME no continente sul-americano. O evento abre no dia 13, às 19h, com a exibição do documentário alemão O Sabor do Desperdício, acompanhada de palestra do produtor rural e deputado distrital Joe Valle, pioneiro na agricultura orgânica no Distrito Federal.
Durante quatro dias, de quinta a domingo, serão exibidos, no Cine Pireneus, 20 títulos produzidos em vários países, sob curadoria do cineasta e crítico Sérgio Moriconi, sempre com entrada franca. E o público ainda terá oportunidade de ver, em primeira mão, um dos mais importantes documentários do cineasta Vladimir Carvalho, Quilombo, filmado em 1974. O curta registra o cotidiano da Comunidade Quilombola do Mesquita, criada há 200 anos, próximo à cidade de Luziânia, e que tem no marmelo sua principal e mais tradicional fonte de recursos. Quilombo será brevemente relançado em DVD, numa caixa contendo outros títulos do diretor. A exibição do curta, marcada para as 15h de sexta-feira, dia 14 de setembro, contará com a presença do documentarista Vladimir Carvalho, da representante da Quilombola do Mesquita, Sandra Pereira Braga, e de mais 20 membros da comunidade. A comunidade recebe apoio do movimento Slow Food no Brasil.
SLOW FILME é um festival diferente de todos os que existem no Brasil. Além de exibir filmes de grande qualidade estética, tem por objetivo afirmar princípios como o da sustentabilidade, do respeito ao meio ambiente e do resgate cultural. O evento é inspirado no Slow Food on Film, festival realizado em Bologna, na Itália, reunindo produções de todo o mundo, que tratam de temas ligados aos conceitos do Slow Food. Segundo o movimento, o alimento deve ser bom, limpo e justo – bom no sabor, limpo na forma de cultivar (sem prejudicar a saúde, o meio ambiente ou os animais) e justo no retorno dado aos produtores por seu trabalho. Para o movimento Slow Food, é preciso defender a herança culinária, as tradições e culturas. Fazer uma conexão entre o prato e o planeta.
INEDITISMO
Evento inédito na América Latina, o 3º SLOW FILME vai exibir, pela primeira vez no Brasil, ficções e documentários realizados em várias partes do mundo. São títulos vindos da Índia, Croácia, Itália, Alemanha, França, Nigéria, Estados Unidos e Brasil (que está representado com três grandes filmes – o premiado A Estrada Real da Cachaça, de Pedro Urano, Quindim de Pessach, de Olindo Estevam, e o curta Quilombo, do documentarista Vladimir Carvalho).
SLOW FILME vai proporcionar o contato do público brasileiro com o curioso documentário Mugaritz B.S.O., que apresenta o processo de transformação das receitas premiadas do chef Andoni Luis Aduriz, do restaurante basco Mugaritz (considerado um dos três melhores do mundo), em temas musicais especialmente criados pelo músico Felipe Ugarte. O filme registra os três anos em que Felipe analisou as receitas com o objetivo de interpretá-las em linguagem musical, a preparação dos pratos, as viagens que o músico fez a países como Etiópia e Peru em busca de melodias até as gravações em estúdio.
Outra novidade da terceira edição do festival é a parceria com a Academia Barilla, um complexo polifuncional situado em Parma, na Itália, e criado para defender e salvaguardar os produtos alimentícios italianos, promover e difundir o conhecimento destes produtos e defender seu papel na tradicional cozinha italiana. A organização promove cursos de gastronomia, lançamentos de livros, seminários e um festival de cinema. Filmes exibidos e premiados neste festival poderão ser vistos pela primeira vez no Brasil.
PALESTRAS E DEGUSTAÇÕES
Além das exibições, o festival programou uma série de palestras e degustações. Na sexta-feira, logo após a exibição de Focaccia Blues, do italiano Nico Cirasola, o italiano Antonello Monardo falará sobre a origem do movimento Slow Food na Itália. Monardo vive em Brasília desde 1992, é torrefador de cafés especiais, ganhador da medalha de ouro do International Coffee Tasting 2008, e organiza e ministra cursos e palestras. Logo após a conversa com Antonello Monardo, o público será convidado a provar focaccias, ciabatas e pães italianos acompanhados de vinho.
No sábado, será a vez da “branquinha”. Depois da exibição de A Estrada Real da Cachaça, o diretor do filme, Pedro Urano e produtores de cachaça da região falarão sobre a atividade. Em seguida, a chef BiaGoll irá discorrer sobre a utilização da aguardente na culinária brasileira. Bia Goll é proprietária do charmoso Otto Bistrot, em São Paulo, que conjuga gastronomia e galeria fotográfica. Bia tornou-se chefdepois de ar por vários restaurantes na Europa e hoje suas receitas misturam influências da Alemanha, Áustria, Suíça, sul da França e Itália, além, é claro, dos temperos brasileiros. A plateia, então, será provocada a distinguir os sabores da autêntica cachaça mineira, representada pela consagrada Cachaça Claudionor, da cidade de Januária, e de dois tipos de cachaça goiana: a Pinga do Bastos, produzida na Fazenda Morro Grande desde a década de 1960, nos arredores de Pirenópolis, e Amaranta e Melquíades, do Sítio Macondo, do jornalista e produtor Ronaldo Duque.
No domingo, o festival de sabores começa cedo, a partir das 10h30, no Restaurante Montserrat, nesta que será a única das degustações com ingresso pago. Pelo preço de R$ 35,00 por pessoa, será oferecida palestra do especialista espanhol Ricardo Rojas Priego sobre o tradicional e finíssimo Jamón Pata Negra, considerado por muitos como o melhor presunto cru do mundo. Fabricado em sua grande maioria (80%) na região da Extramadura, mas também nas províncias da Andaluzia e da região de Castela e Leão, o Pata Negra tem sabor suave e adocicado. É extraído de uma raça de porcos ibéricos criados livres no pasto, alimentando-se apenas de frutos dos azinheiros. O espanhol Ricardo Priego promete contar toda esta história e ainda ensinar a maneira certa de cortar o jamó.
A degustação do Pata Negra será harmonizada com vinhos de Castilla la Mancha. Quatro bodegas espanholas participam do evento: Altolandon, Finca los Alijares, Villavid e Finca Antigua. Esta atividade é uma parceria com o Instituto Cervantes – Brasília. Antes dePirenópolis, o especialista estará no Espaço Cultural Instituto Cervantes, no dia 14, às 19h30, para uma Cata de Jamón de Jaburgo, com harmonização de vinhos de Castilla La Mancha. Inscrições até o dia 13 de setembro, na secretaria do instituto. Mais informações: (61) 3242. 0603.
Ricardo Rojas Priego nasceu em Córdoba e é um profundo conhecedor do setor suíno ibérico espanhol. Ele acompanha de perto a produção e a comercialização dos produtores derivados deste setor. Tem experiência em corte de jamón e realiza cursos sobre o assunto em vários países do mundo como México, França, Bélgica, Itália e Reino Unido. A atividade tem número limitado a 60 participantes.
O FESTIVAL
Ineditismo e qualidade caracterizam a programação do SLOW FILME em 2012. Na grade de programação estão filmes como O Sabor do Desperdício, do alemão Valentin Thurn, que mostra o volume de alimentos que a sociedade contemporânea lança ao lixo, mas revela uma recente mudança de mentalidade. Também Dabbawala– O Milagre das Marmitas, um filme sobre uma tradição na Índia: o consumo de refeições caseiras que chegam a 200 mil diariamente, em Mombai, e sobre as pessoas que entregam essas refeições, os dabbawalas. Há ainda O Mundo Segundo Monsanto, da canadenseMarie-Monique Robin, que promove um mergulho na gigante que é a maior produtora de herbicida e sementes geneticamente modificadas do mundo. E o brasileiro Estrada Real da Cachaça, de Pedro Urano, que refaz a rota de fabricação da aguardente, desde o período colonial até os dias atuais.
A programação inclui documentários muito bem-humorados, como a produção italiana Facaccia Blues, de Nico Cirasola, que conta a curiosa história de um padeiro de Puglia, na Itália, que abriu sua loja ao lado de um McDonalds e, só com seu talento em fazer pães, levou a lanchonete norte-americana à falência na cidade. Ou Comendo o Alasca, que fala de uma vegetariana convicta que, desavisadamente, se apaixona e se casa com um caçador de veador e pescador do Alasca! Ou ainda Quindim de Pessach, sobre a apropriação feita por cozinheiras brasileiras da culinária judaica e a saborosa mistura desta tradição com ingredientes da cozinha nacional.
Mas a terceira edição de SLOW FILME exibirá também animações como O Bezerro que queria ser hambúrguer, uma sátira à propaganda enganosa; ficções como o alemão Menu de Domingo, sobre uma adolescente vietnamita-alemã que enfrenta conflitos de geração e transculturais através do poder ritualístico da comida; e documentários como Terraços do Vinho, o mais recente do mestre italiano Ermano Olmi, que apresenta a viticultura heróica da região da Valtellina, no nordeste italiano.
Uma das grandes novidades da programação do 3º SLOW FILME é a exibição dos filmes que integram a grade da Academia Barilla, um importante centro de valorização e difusão da gastronomia regional italiana, situado em Parma, que anualmente premia curtas-metragens dedicados à comida tradicional. No programa, seis filmes de ficção e documentários de grande sensibilidade, como A Sopa de Pedra, baseado numa lenda medieval, Bellíssimi, sobre um povoado esquecido na Itália, onde se fabricam balões e doces para a festa da Misericórdia, e o curioso Música de Cozinha, que transforma utensílios de cozinha em instrumentos musicais, provando que cada um tem sua personalidade.
EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIAS
A fotógrafa sa Dorothée Jalaber, especializada em retratos e detalhes, apresenta em 2012 uma série inédita, especialmente concebida para o SLOW FILME. Dorothée acaba de retornar da França, onde registrou flores, frutos, temperos, com o talento que caracteriza seu trabalho: a fotógrafa colhe os detalhes como se usasse uma lupa. As imagens de Dorothée revelam o que o poeta Manoel de Barros chama de grandeza do ínfimo.
As fotografias de Dorothée Jalaber são como pinturas. Ela fotografa como quem pinta. Revelando a imensidão que se pode testemunhar num simples vegetal, ela desvenda ao espectador um mundo completamente novo, onde o que se vê não é necessariamente o que foi registrado. Quase como numa pintura abstrata.
ATIVIDADES PARALELAS
Uma das marcas do SLOW FILME – FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA E ALIMENTAÇÃO é propor, ao lado das exibições cinematográficas e das degustações que acontecem no próprio cinema, um programa de atividades paralelas, integrado por visitas a paraísos ecológicos, produtores orgânicos, almoços especiais etc, concebido com apoio do Convivium Slow Food Pirenópolis. Em 2012, as atividades propõem, dentre outras coisas, visitação a um alambique tradicional da região, visitação a uma plantação de ervas medicinais (com explicação sobre as diversas aplicações e as formas de cultivo) e a degustação do lendário jamón Pata Negra, atividade realizada numa parceria entre SLOW FILME, o Instituto Cervantes e a Embaixada da Espanha.
Quinta, dia 13
VISITA À FEIRA AGROECOLÓGICA
Realizada só às quintas-feiras, das 16h às 20h. Ocasião para conhecer a produção de frutas e hortaliças orgânicas, feita por produtores locais, beneficiários da Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS).
Local: Praça do Pequizeiro, Vila Matutina (próximo ao Batalhão dos Bombeiros)
Sexta, dia 14
Manhã e almoço: Roteiro de visita ao Refúgio Avalon, formado por horta agroecológica, viveiro de plantas medicinais e condimentares, jardim sensitivo, trilha ecológica, área para banho etc.
Caminhada pelo cerrado em companhia de raizeiros locais, que identificarão plantas frutíferas e medicinais; oficina com plantas medicinais; dinâmica no jardim sensitivo; visita ao viveiro de plantas medicinais com explanação sobre nomes e usos das plantas; encerramento com um delicioso almoço composto de produtos orgânicos produzidos no local.
Preço por pessoa: R$ 50,00 (inclui transporte e almoço)
Inscrições e informações: (62) 3331.3715 com Lúcia
Sábado, dia 15
Manhã e almoço: visita à Fazenda Morro Grande, onde fica o alambique da “Pinga do Bastos”, de propriedade de Jânio Eustáquio Franco Araújo. A família tem tradição nesta atividade desde 1961. A visita termina com almoço especialmente preparado por Dona Maria Rodrigues Ferreira Araújo, servindo a tradicional comida da roça, com direito a carne de porco de lata e outros quitutes regionais.
Preço por pessoa: R$ 50,00 (inclui transporte e almoço)
Inscrições e informações: (62) 9802.8422, com Kátia Karam – katia_[email protected]
Domingo, dia 16
Manhã: aula e degustação do Jamón Pata Negra no Restaurante Montserrat. Harmonização com vinho da região espanhola de Castilla la Mancha.
Número de participantes: 60
Preço por pessoa: R$ 35,00
Inscrições e informações: (61) 3443.8891 – [email protected]
www.slowfilme.com.br
PROGRAMAÇÃO DE CINEMA
QUINTA-FEIRA, 13.09
19h00 – Abertura oficial: O sabor do desperdício
Sessão seguida de palestra com o deputado e engenheiro florestal, Joe Valle
SEXTA-FEIRA , 14.09
15h00 – Sessão especial: Quilombo (20’), de Vladimir Carvalho.
Sessão seguida de conversa com o diretor e com a representante do povoado Mesquita, Sandra Pereira Braga
16h30 – O Mundo segundo Monsanto (109’)
18h30 – Terraços do Vinho (73’)
20h00 – Foccacia Blues (75’)
Palestra do italiano Antonello Monardo sobre a origem do movimento Slow Food na Itália, seguida de degustação de pães italianos e foccacias de alecrim e sal grosso. Harmonização com vinho tinto, gentilmente oferecido pela Art du Vin.
SÁBADO, 15.09
15h00 – O Bezerro que queria ser hambúrguer (5’) + O Sabor do desperdício (88’)
16h45 – Mugaritz B.S.O. (72’)
18h30 – Almoço (17’) + Sessão Academia Barilla: O Pão (10’) + Ponto de Vista( 8’) + A Sopa de Pedra(14’) + Doce, afinal (3’) + Belíssimos (18’) + Música de Cozinha(10’) + Omelete( 10’)
20h15 – Estrada real da cachaça (98’).
Sessão seguida de conversa com o diretor Pedro Urano, com produtores e com a chef paulista Bia Goll sobre a utilização da cachaça na culinária brasileira. Degustação de cachaças mineiras e goianas.
DOMINGO, 16.09
15h00 – Menu de domingo (24’)+ Comendo o Alaska (57’)
17h00 – Quindim de Pessach (26’) + Dabbawala – O milagre das marmitas (50’)
18h30 – Na Alegria e na Cebola (52’)
SINOPSES
ALMOÇO (Lunch) – CROÁCIA, 2008, Cor, 17min, Ficção
Direção: Ana Hušman
Um filme irônico e bem humorado sobre as regras de comportamento encontradas nos livros de etiqueta e que, quase sempre, se apresentam como uma forma de auxiliar a comunicação e o entendimento entre as pessoas, ensinando-as a se comportar socialmente com mais facilidade e autoconfiança. Numa linguagem muito criativa, o filme brinca com o conceito de “civilidade” e mostra como os costumes e hábitos à mesa, principalmente em situações sociais, dizem muito sobre a educação recebida por cada pessoa.
COMENDO O ALASKA (Eating Alaska) – ESTADOS UNIDOS, 2009, Cor, 57 min, Documentário
Direção: Ellen Frankenstein
O que acontece quando uma vegetariana se muda para a fronteira do Alasca">